O arrependimento não está entre as coisas mais agradáveis da vida. Em geral, a gente sofre um bocado quando pensa no passado e se lamenta por ter feito ou não ter feito algo em determinada época.
Foi assim, meio filosóficos, que corremos atrás de 40 professores de Jiu-Jitsu e perguntamos: Se pudesse voltar no tempo, o que você faria de diferente na sua carreira até a faixa-preta?
“Eu me arrependo de nunca ter feito uma dieta maneira, só agora estou me preocupando com isso, vi que os resultados são extremamente positivos”, respondeu o campeão mundial André Galvão. Tendo em vista que Galvão já era um atleta impressionante na faixa-roxa, imagine o quanto uma alimentação sofisticada teria contribuído para que ele alcançasse desempenhos ainda mais espetaculares.
Esmiuçando as repostas de cada professor, GRACIEMAG listou cem coisas que você deve fazer até chegar à faixa-preta (e outras 20 que você não deve fazer).
Em momento algum tivemos a pretensão de criar um cânone universal, uma receita de bolo. Cada atleta segue o caminho que quiser, mas tendo em mãos um roteiro baseado nas experiências de lutadores consagrados, acreditamos que, ao final da caminhada, você vai ter mais chances de olhar para trás e se dar por satisfeito.
Se você já é um faixa-preta, a lista vale como uma revisão de sua carreira e até como um estímulo para você criar o seu próprio plano de metas até a faixa-coral. Confira!
1- Gostar de Jiu-Jitsu.
2- Amar o Jiu-Jitsu.
3- Respeitar o Jiu-Jitsu.
4- Aprender a dosar força e técnica, de modo que você lute durante o máximo de tempo sem cansar.
5- Entender que a faixa não é o único objetivo, mas uma consequência do esforço e aprendizado. A pessoa que tem como meta apenas pegar a nova faixa limita o próprio potencial, que é sempre algo enorme e desconhecido. Em vez de se concentrar nisso, preocupe-se em desenvolver aspectos técnicos da luta.
6- Saber o programa de aulas básico de cor e salteado.
7- Estudar a fundo as técnicas de defesa pessoal. Ou você pretende ser um faixa-preta que se desespera para sair de uma gravata qualquer?
8- Fazer um treino duro com o próprio mestre.
9- Fazer vários amigos de fé na academia.
10- Disputar um campeonato – e voltar com a medalha de ouro para casa.
11- Disputar um campeonato na categoria absoluto.
12- Perceber que no fundo, no fundo, pontos e cronômetro não existem, enquanto não há nada mais real que os três tapinhas.
13- Participar de um seminário ministrado pelo seu grande ídolo.
14- Aprender inglês. Do jeito que o mercado do Jiu-Jitsu é, você vai ter que se comunicar em outros continentes.
15- Saber dar um armlock voador, mesmo entendendo que não é um golpe para ser usado toda hora.
16- Lutar um Mundial de Jiu-Jitsu.
17- Inventar algum golpe ou movimentação.
18- Dar um nome bem original ao golpe criado, como por exemplo “borboleta sem asa”, “pega-bobo” ou “bola de fogo”.
19- Experimentar variadas dietas até descobrir duas ou três que realmente funcionam para estimular o seu corpo, antes, durante e depois das competições.
20- Fazer ao menos um ano de judô – caso o treino intenso de quedas não seja um costume de sua academia.
21- Aprender a perder.
22- Aprender a vencer.
23- Encontrar o tipo de kimono cuja modelagem se ajuste melhor ao seu corpo.
24- Afiar o surfe, pois você ainda vai participar do Campeonato Black Belt de Surfe.
25- Se o surfe não for a sua praia, desenvolver outra atividade ao ar livre, para se energizar nos dias fora da academia.
26- Aprender a ensinar. O que inclui saber conduzir uma aula completa, planejar o aquecimento específico para o treino do dia, casar os treinos com coerência, saber deixar o aluno novamente calmo ao fim do treino para ir para casa, entre outros pontos. “Na marrom, o atleta promissor pode dar uma aula com o faixa-preta do lado, como um estágio, um teste”, sugere o professor Raphael Abi-Rihan.
27- Ler o manual de regras do Jiu-Jitsu da IBJJF.
28- Próximo à faixa-preta, participar de treinos simulados de vale-tudo, conhecidos popularmente como treinos de bloqueio e taparia. Situações reais de luta são extremamente importantes para afiar sua defesa pessoal, saber o tempo de entrada de queda e lapidar outros aspectos.
29- Raspar o cabelo, nem que seja uma só vez.
30- Tentar fazer aulas particulares – vitais para dar um refino técnico e aprender macetes com seu professor.
31- Oferecer-se de sparring para seu mestre, especialmente em aulas particulares, em que você também vai aprender muito.
32- Montar sua bibliografia básica sobre artes marciais. Quanto mais livros (e vídeos e DVDs), melhor.
33- Lutar, com todas as forças, para aquele apelido que botaram em você não pegar.
34- Aceitar o apelido, se pegar.
35- Emplacar um bom apelido em algum parceiro.
36- Incentivar uma criança a começar no Jiu-Jitsu. Afinal, elas são o futuro do esporte.
37- Adquirir autocontrole.
38- Usar suas habilidades técnicas e seu gás para sair de alguma enrascada. Aventuras fazem parte da história de qualquer grande faixa-preta.
39- Não deixar o seu bom Jiu-Jitsu subir à cabeça – mantenha os pés no chão.
40- Saber reagir. Não existe uma cartilha exata sobre como você deve proceder em cada situação, mas o professor Carlos Gracie Jr. costuma ensinar uma lição clássica. Quando alguém estiver o incomodando, no cinema, no avião em qualquer lugar, pense antes de agir: se essa pessoa fosse o Brock Lesnar, o que você faria? Há horas que você decididamente tem de interceder, e ir falar com o chato. Mas faça sempre com educação – sem covardia. Seja a pessoa uma velhinha, um grupo de adolescentes ou o campeão dos pesados do UFC.
41- Não deixar nunca de treinar o Jiu-Jitsu básico, bem como a defesa dos golpes.
42- Ter um fisioterapeuta camarada, que depois de tantas consultas já faz aquele desconto quando surge uma nova lesãozinha.
43- Ter a sua receita favorita de açaí.
44- Descobrir a sua melhor hora de treinar, e entender se o seu corpo responde melhor aos treinos duros à noite, à tarde, ou de manhã cedo.
45- Enviar um e-mail elogiando GRACIEMAG.
46- Enviar um e-mail esculhambando GRACIEMAG – ou ao menos sugerindo novas pautas.
47- Estudar o básico da história do seu esporte, e saber quem foram e o que fizeram os pioneiros do Jiu-Jitsu.
48- Todo faixa-branca já viu mais de cem vezes, então não é você que vai deixar de assistir: reveja, volta e meia, as primeiras e gloriosas vitórias do Jiu-Jitsu nos ringues. Afinal, conhecer os feitos de Carlson, Royce, Rickson, Renzo, Ralph e Minotauro, por exemplo, é entender como o Jiu-Jitsu chegou tão longe.
49- Após tantos anos de torções, descobrir o golpe para o qual você não bate de jeito algum – uma chave de pé, uma guilhotina…
50- Ser flexível; descubra seu programa de alongamento favorito.